quinta-feira, 19 de abril de 2012

PHILIPPE PERRENOUD




Philippe Perrenoud

"Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos para solucionar uma série de situações",
 Perrenoud



Área de Interesse:

O sociólogo suíço Philippe Perrenoud discorre sobre temas como formação, avaliação e desenvolvimento de competências.



Biografia: 

 Philippe Perrenoud, de acordo com sua própria definição, não é pedagogo, mas um sociólogo interessado pela Pedagogia, cujo principal objetivo é melhorar a compreensão dos processos educativos. E é isso que esse suíço, nascido em 1944, faz com muito êxito desde o início da década de 1970, quando começou a pesquisar a fabricação das desigualdades e do fracasso escolar. Professor das áreas de currículo escolar, práticas pedagógicas e instituições de formação na Universidade de Genebra, onde se tornou pesquisador e teórico rigoroso, Perrenoud vem contribuindo não apenas para uma melhor compreensão do que acontece na escola, mas também para a mudança de seu funcionamento, na tentativa de torná-la cada vez menos injusta e desigual.

Um dos novos autores mais lidos no Brasil. com alguns títulos publicados em português, vendeu nos últimos três anos mais de 80 mil exemplares. O principal motivo do sucesso é o fato de ele discorrer, de forma clara e explicativa, sobre temas complexos e atuais, como formação, avaliação, pedagogia diferenciada e, principalmente, o desenvolvimento de competências.
Esse é um dos pontos mais reconhecidos de seu trabalho. “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar uma série de situações”, explica ele. “Localizar-se numa cidade desconhecida, por exemplo, mobiliza  as capacidades de ler um mapa, pedir informações; mais os saberes de referências geográficas e de escala.” A descrição de cada competência, diz , deve partir da análise de situações específicas.
A abordagem por competência também é utilizada quando Perrenoud fixa objetivos na formação profissional. No livro 10 Novas Competências para Ensinar, ele relaciona o que é imprescindível saber para ensinar bem numa sociedade em que o conhecimento está cada vez mais acessível:

1- Organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2- Administrar a progressão das aprendizagens;
3- Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4- Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5- Trabalhar em equipe;
6- Participar da administração escolar;
7- Informar e envolver os pais;
8- Utilizar novas tecnologias;
9- Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10- Administrar a própria formação. 






Philippe Perrenoud e a formação docente

Após duas conferências em quatro cidades Brasileiras, Philippe Perrenoud e Mônica Gather Thurler em 2011 publicaram o livro intitulado As competências para ensinar no século XXI: A formação dos professores e o desafio da avaliação. Pela editora Artmed.
Desta forma, a presente obra se propõe a tratar sobre a formação do professor no século XXI e em um segundo momento sobre a avaliação em ciclos de aprendizagem , assim como, os problemas quando se adota essa proposta curricular que busca se pautar na fuga de uma visão tradicional e hierarquizada de ensino. Os capítulos construídos pela Mônica Thurler se propõem a ratificar e instigar discussões sobre as novas práticas escolares. Esse trabalho  desenvolvido pela professora Mônica passa a ser uma extensão do pensamento de Perrenoud.
Para Perrenoud cabe aos professores compreender em um primeiro momento que a educação é um processo dinâmico e que os educadores precisam se reconhecer como parte essa realidade, assim como, buscarem ferramentas para compreender e acompanhar esse desenvolvimento. Assim, o autor inicia seu trabalho convidando os seus leitores a um plano imaginário futurista baseado em uma educação não mais construída nos pilares do ensino tradicional e sim em um sistema de estudo tecnológico e disciplinado. Aproveita para lembrar e discutir em um segundo momento da obra qual a finalidade da escola. É fato que esse conceito se já foi desvelado estar perdido nos moldes da contemporaneidade!!
A ideologia se faz presenta na formação dos professores e esta pode e deve se modificar em função da realidade a qual os educadores estão inseridos. Ora o que se torna um desafio para elaborar conceito sobre a identidade da escola. Desta forma, busca em Morin os setes saberes para pautar seus escritos e provoca os docentes ao afirmar que é um desafio ensinar esses sete saberes já apresentado a UNESCO. E aponta uma lista mestra para que os educadores saibam o que devem valorizar enquanto concepção de ideológica.
1.    Uma transposição didática baseada na analise das práticas e em suas transformações.
2.    Um referencial de competências que identifique os saberes e as capacidades necessárias.
3.    Um plano de formação organizado em torno das competências
4.    Uma aprendizagem por problemas, um procedimento clinico.
5.    Uma verdadeira articulação entre teoria e prática
6.    Uma organização modular e diferenciada
7.    Uma avaliação formativa baseada na análise do trabalho
8.    Tempos e dispositivos de integração e de mobilização das aquisições
9.    Uma parceria negociada com os profissionais
10. Uma divisão dos saberes favorável à sua mobilização no trabalho.
Perrenoud faz uma provocação no primeiro momento aos profissionais que se consideram estudiosos da educação e que não possuem fundamentação epistemológica e pedagógica para isso, sugerindo que os mesmos conheçam a realidade dos educadores primeiro. No segundo momento sugere que se identifique quais competências se pretende buscar/desenvolver para a partir desse momento se basear em um ensino fundamentado e direcionado. No terceiro ponto faz uma observação para a criação de um plano de partida e não aos que só visam à chegada e desvalorizam o processo. Para explicar o quarto ponto usa o exemplo do ensino tradicional de medicina, mas acredita que a educação deve apresentar os estudos de casos para que os educandos compreendam o problema na sociedade de forma real.
            Já no quinto ponto busca uma interação entre teoria e prática. Esse fenômeno já é muito explorado em países da Europa que apontam essa interação com uma coisa nova. No sexto ponto cita e explica sobre a  organização modular o autor sugere que as universidades e escolas respeitem o regionalismo e suas particularidades negando o caráter exclusivamente  universal do conhecimento. Para o sétimo ponto o autor sugere uma avaliação que respeite o processo formativo do educando e que o mesmo reconheça esse instrumento enquanto processo de reorientação da sua aprendizagem. No oitavo ponto denominado de tempos e dispositivos  de integração chama atenção para o cuidado nas relações de aprendizagem , ou seja, o quanto pode ser rico para os educando aprenderem com a diversidade. No nono ponto aborda a necessidade da parceria entre a instituição e os professores para um trabalho educativo de sucesso. No decimo ponto chama atenção para as competências como mobilização dos saberes.
            Após abordar esses eixos o autor discorre sobre a avaliação e o modo perverso como esta se apresenta ora para o aluno, ora para os professores que não compreendem mais, ou nunca compreenderam a funcionalidade pedagógica deste instrumento.
Desde a educação infantil ao ensino superior se percebe segundo Perrenoud que a avaliação é punitiva e não formativa, pois virou instrumento de poder para as instituições e educadores. Segundo o autor é visível nas universidades até mesmo nos cursos de pedagogia esse instrumento cair em decadência enquanto meio para mensuração e retroalimentação de resultados. E propõe um sistema que respeite o tempo e espaço dos educando para construir seus saberes, tomando como base a pedagogia libertadora, Freire  e Morim afirmam  que se faz necessário que educadores e instituições cheguem  ao ponto em comum para a criação de um instrumento que valide essa nova concepção sobre educação no seu contexto e fazer social.
Para Perrenoud a aprendizagem torna-se mais significativa quando trabalhada em ciclo plurianuais e para ratificar esse pensamento ele apresenta cinco motivos são eles:
1.    Etapas mais compatíveis com as unidades de progressão das aprendizagens.
2.    Planejamento flexível das progressões, diversificação dos percursos.
3.    Maior flexibilidade quanto ao atendimento diferenciado dos alunos, em diversos tipos de grupos e dispositivos didáticos.
4.    Maior continuidade e coerência durante vários anos, sob a responsabilidade da equipe.
5.    Objetivos de aprendizagem relativos há vários anos, construindo referenciais essenciais para todos e orientando o trabalho docente.

Assim, Perrenoud faz um contra ponto entre um sistema tradicional e um que pensa em uma avaliação significativa, pela proposta de  trabalharmos com os ciclos, que segundo ele, teríamos condições de acompanhar o desenvolvimento no processo e não vendendo informação pelo método anual. Enquanto a avaliação fugiria do sistema certificativo, ou seja, aquele que garante ao estudante um certificado que informa para a sociedade que está apto ao mundo profissional quando na verdade até mesmo a escola sabe que não é bem assim. O ensino por ciclo se relaciona bem com a vida profissional por permitir ao educando que percebe como o mundo se apresenta fazendo com que o mesmo reflita sobre a temática e sua inserção no mercado formal de trabalho.
Desta forma, o Perrenoud apresenta uma concepção de ensino  significativo que perpassa pelo pensamento de Morin e Freire , além de outros teóricos da educação. Nesse contexto ele convida o educador a repensar sua prática no processo ensino – aprendizagem  no inicio do século XXI, pois torna-se inaceitável  um educador que não concebe as mudanças ocorridas pela sociedade da informação.

Referências Bibliográficas

Acessado em 19/4/2012

PERRENOUD, Phillipe; THURLER, Monica Gather; MACEDO, Lino de; MACHADO, Nilso José; ALLESSANDRINI, Cristina Dias (organizadores) As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e os desafios da avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora 2008.
Video de Perrenoud no programa roda viva disponível em: ttp://www.youtube.com/watch?v=AQvAVuTPW80  




Equipe:



  • Jane Queize Cruz Aragão

  •  Josenice Santana dos Santos Mangabeira

  • Fabiola boaventura cruz Leal

  • Luiz Carlos Sacramento da Luz

Um comentário:

  1. Em primeiro lugar,parabéns pela pesquisa.
    Sobre teoria e prática realmente não se deve desmembrá-las, pois é notório a eficácia em relação ao crescimento, seja ele na aprendizagem,cognitivo, ou no conhecimento geral, englobando o social. Quando o docente consegue unificar a teoria com a prática, torna-se evidente, é um amparato,uma riqueza de conhecimentos. Em 2011, quando passei por alguns países, como, França, Inglaterra, Suíça, Portugal, pude ver a prática sendo exercida nos museus, nas ruas, dentro dos ônibus,comboios,trem bala, navios,envolvendo a aprendizagem das crianças, dos adolescentes, dos jovens, com seus professores, aprendendo fora da escola, tendo o contato direto com a sociedade, com as matérias como a; geografia, matemática, história, toda uma cultura, e outros. A confiança, a autoestima, autonomia, em todos os aspéctos sendo exercitados, desenvolvendo à aprendizagem, sendo realizada com certeza com a teoria do lado, ambas entrelaçadas. Foram vários grupos, com muitos alunos,que quando passavam com os professores orientando, a população, os pedestres, todos paravam para estes passarem. E, quando você, liga a tv, os desenhos infantis, como os ônibus, as casas, as ruas, as lojas, as praças, os museus, e outros, são idênticos. Ha uma continuidade daquilo que se vê lá fora. Assim, fica mais fácil a absorção, a memorização,criando uma educação. Então, dizer que; a teoria e a prática são a continuidade uma da outra,seria uma forma de dizer, não fico sem você.

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