Catarinense, filho de pais agricultores estudou no Seminário dos Franciscanos, fez depois filosofia e parte da teologia. Na Alemanha fez doutorado em sociologia (1971), cuja a tese recebeu nota máxima e foi publicada em 1973(Anton Hains verlag, Meisenheim). Voltando ao Brasil, foi assessor dos bispos até 1975, quando ingressou no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (Ministério do planejamento, orçamento e gestão), onde permaneceu até 1994 e se Aposentou. Assumiu então, tempo integral na universidade de Brasília (UnB), onde é hoje professor titular do departamento de sociologia. Fez Pós Doutorado na University OF Califórnia at Los Angelis (UCLA)(1999- 2000). Publicou até o momento mais de sessenta livros, nas áreas de política social (educação) e metodologia cientifica. Desde fins de 1980 dedica-se ao desafio de formação permanente de professores.
Suas Principais Obras:
O Mais Importante da Educação Importante. Atlas, São Paulo, 2012.
Praticar Ciência – Metodologias do Conhecimento Científico. Editora Saraiva, São Paulo, 2011.
Pensandoe Fazendo Educação – Inovações e experiências educacionais. LiberLivro, Brasília, 2011.
Outra Universidade. Paco Editorial, Jundiaí, 2011.
Pedagogias“Críticas” – Mais Uma. Editora Alphabeto, Ribeirão Preto, 2011.
A Força sem Força do Melhor Argumento: Ensaio sobre “novas epistemologias virtuais”. Editora IBICT, Brasília, 2011.
Outro Professor – Alunos aprendem bem com professores que aprendem bem. Paco Editorial, Jundiaí, 2011.
O Educador e a Prática da Pesquisa. Editora Alphabeto, Ribeirão Preto, 2010.
Educação e Alfabetização Científica. Editora Papirus, Campinas, 2010.
Habilidadese Competências no século XXI. Editora Mediação, Porto Alegre, 2010 (2ª Ed., 2011).
Saber Pensar É Questionar. Editora Liber Livro, Brasília, 2010.
Pós-Sociologia– Para desconstruir e reconstruir a sociologia. Editora Universa, UCB, Brasília, 2009.
Educação Hoje- "Novas" tecnologias, pressões e oportunidades. Atlas, São Paulo, 2009.
Aprender Bem/Mal. Editora Autores Associados, Campinas. 2009.
Professor Autor. Editora Alphabeto, Ribeirão Preto, 2008.
O Bom Docente. Editora Universidade de Fortaleza - UNIFOR. 2008.
Metodologia para quem queraprender. Atlas, São Paulo, 2008.
as Educacionais. Vozes, Petrópolis, 2006 (2ª Ed. 2011).
Concepções de Escola Ensino e Aprendizagem
Educação tem relação forte com a construção da autonomia das pessoas e sociedade. Por meio de processos educacionais bem formulados e praticados, é possível contribuir para que a população se qualifique cada vez mais para a democracia especialmente a medida que souber pensar em sentido crítico e propositivo. Em vista disto é fundamental superar o reprodutivismo reinante na escola, particularmente a didática da mera aula, porque as teorias e práticas da aprendizagem não abordam.
Para aprender bem é necessário pesquisar e elaborar, ler criticamente, construir textos próprios, saber argumentar e fundamentar, com objetivo maior de formar cidadãos capazes de alternativas históricas.
Educação permanente. Essa expressão é antiga, mas atualmente toma sentido mais palpável, porque significa o direito de aprender durante toda a vida, em qualquer momento e lugar, idade ou fase. Talvez seja a dimensão que mais se aproxima da noção “viver é aprender”. A demanda formal centrada em entidades especifica como escola e universidade será largada exponencialmente para tipo de demanda elástica, infinita e mesmo incontrolável, porque todos terão de se confrontar com esse desafio durante a vida toda.
Percorrer os graus de ensino (fundamental, médio, superior) já são formalidades apenas indicativas, porque todo diploma não indica nenhum término, mas só recomeço.É impossível chegar a aposentadoria sem retificar, refazer, por vezes substituir o diploma. Possivelmente, alguns seguimentos populacionais terão, pelo menos no início, maior sensibilidade ao desafio da educação ao longo da vida toda
Segundo o mesmo a educação básica avança no mundo, na expectativa que todo cidadão tem o direito de estudar em determinada fases da vida em instituições garantidas gratuitamente pelo estado. Há países europeus que já comemora 200 anos de escola pública obrigatória, um patrimônio responsável, pelo menos em parte, pelas democracias. A tendência é agora estender esse direito para todo o percurso que vai desde a educação infantil até ao ensino médio, para tornar a educação básica patrimônio popular. Já era importante a idéia de garantir o ensino fundamental, mais sempre se considerou artificial essa segmentação etária, seja porque a fase infantil é sem sombra de dúvida, muito mais estratégica para o desenvolvimento da cidadania, seja porque oito anos, é muito pouco perante o desafio de aprender sempre.
Na educação superior o acesso à universidade tende a populariza-se. Os alunos quase sempre passam 4 anos escutando aulas, tomando nota e fazendo prova. Nega-se uma das dinâmicas, mas profundas da aprendizagem e da vida, que é o processo de reconstrução de dentro para fora. Parte considerável das aulas é reprodutivas, baseadas no conceito ultrapassado da transmissão de conhecimento, desconhecendo sua própria dinâmica. Parece correta a percepção que concentra as atenções sobre os professores, porque a qualidade de aprendizagem dos alunos é relativamente proporciona a habilidade de aprender dos professores. Para que eles cuidem da aprendizagem dos alunos, é necessário que cuidemos dos professores, sobretudo lhes assegurando o direto de aprender sempre. A tecnologia em educação faz parte dessa formação continuada. Muitos desafios marcam o direito de aprender nesse espaço e é um acesso que se torna, mas popular, havendo uma impregnação crescente de compromisso pedagógico. Pois a pedagogia precisa dar conta da formação de professores, trata-se de responder tanto pela formação dos professores do curso como da formação dos professores que estão estudando no curso. Em suma, pedagogia precisa ser exemplar no perfil do professor que forma e do professor em formação. Quanto ao primeiro, trata-se de desenhar estilo acadêmico de vida plantado em pesquisa e elaboração, muito além da titulação formal e, em especial, de dar aulas.Professor não é quem dá aula, mas, quem, sabendo aprender bem, sabe fazer o aluno aprender. Sua função é cuidar da aprendizagem do aluno. O professor precisa rever tudo de alto a baixo, pois deformamos na prática tais professores. A coisa mais comum hoje é encontrar professores de português que não sabe português. As licenciaturas são equívoco comprovado. È imprescindível rever a formação original, bem como a continuada, restrita a miseráveis semanas pedagógicas. O professor em formação precisa mais que todos, aprender a aprender, incluir em sua vida de maneira definitiva a desconstrução e a reconstrução de sua profissão. O objetivo é um só: Conseguir que, trabalhando bem os professores, possamos fazer os alunos aprenderem melhor, já que hoje aprendizagem na escola e na universidade é disparate inacreditável.
Na visão de Demo, a educação a distancia pode aprimorar enormemente o direito de aprender, porque realça a possibilidade de estudar sempre, durante a vida toda, se ter de submeter os horários rígidos, lugares formais idades previstas. Se todos precisam não é viável colocar todos em salas de aulas porque não cabem, mas, sobretudo porque seria inútil. O mal entranhado da educação a distancia tem sido o instrucionismo, ao se reduzir a meras táticas de transmissão de informação.
O novo educador inovador trás consigo o direito de aprender há de valorizar extremante o pedagogo, em duplo sentido: no sentido profissional, reconhecendo a pedagogia como curso mais estratégico da universidade, por debruçar-se sobre essa dinâmica complexa não linear, de dentro para fora, da aprendizagem e do conhecimento; no sentido mais genérico de que todo professor deve ser pedagogo, para aprender e fazer o aluno aprender. Ao mesmo tempo, o curso de pedagogia deveria elevar sensivelmente suas exigências, primeiro, para afastar o risco de que o profissional da educação seja mal formado, e, segundo, para indicar em definitivo a valorização profissional, redondando, possivelmente, em duração não inferior a 5 anos. Todo professor precisa construir em seu perfil o desafio da aprendizagem reconstrutiva política e social.
O novo aluno está bem mais informado, pois o perfil deste aluno vem mudando de forma a apresentar suas expectativas educacionais. Primeiro, a demanda formal, mesmo continuando em seu lugar e aumentando de volume naturalmente, à medida que as educações básicas e superiores sofram abertura maior de acesso, não será a única e talvez se queira a mais pesada. Segundo, dentro da dinâmica inovadora da sociedade intensiva de conhecimento, a demanda populacional vai impor-se como marca desse milênio, fazendo da sociedade inteira bloco infinito de aprendizes ávidos por aprendizagem e conhecimento.
É consenso que a qualidade educacional da população é referencia crucial para o futuro das sociedades. Aprender e conhecer torna-se desafios permanentes, pela vida a fora sem fim. Educação e conhecimento representam estratégias centrais da construção de oportunidades na vida, tendo como horizonte a realização pessoal e social, não, o mercado é a parte de qualquer futuro mas na sua razão maior de ser.O argumento decisivo é o da formação permanente, pela qual mantemos nossa condição de sujeitos capazes de historias próprias e eticamente vinculados a projetos coletivos democráticos.
O futuro passa pela educação. Para que a educação seja estratégia de futuro precisa superar suas tendências atuais instrucionistas, o que implica recompor a pedagogia, reconhecida como curso mais importante da universidade hoje. Os formadores não podem está mal formados porque esta situação pulveriza os horizontes que a educação se propõe abrir. Ao mesmo tempo é fundamental que os avanços tecnológicos sejam monitorados pela educação, para que não se torne reforço constante do instrucionismo, particularmente no que concerne a educação a distancia.
Referindo-se a “pesquisa” é preciso distinguir a pesquisa como princípio científico e a pesquisa como princípio educativo. Trabalhando a pesquisa principalmente como pedagogia, como modo de educar, e não apenas como construção técnica do conhecimento. A pesquisa indica a necessidade da educação ser questionadora, do indivíduo saber pensar. É a noção do sujeito autônomo que se emancipa através de sua consciência crítica e da capacidade de fazer propostas próprias. Isso tudo tem por trás a idéia da reconstrução, mas também agrega todo o patrimônio de Paulo Freire e da “politicidade”, porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos outros, parasitária.
Mas a educação não é propriamente isso. Isso é meramente um processo informativo que pode ser feito pela eletrônica. Nem é preciso professor para meramente transmitir conhecimento. Mas o professor é absolutamente necessário para o processo reconstrutivo, como orientador, avaliador do aluno. A perspectiva muda bastante. O que nós estamos acostumados a ver no dia-a-dia é a proposta instrucionista, baseada no ensino, na instrução, no treinamento. Isso não é educação. Também é importante, também faz parte, mas o nível educativo se atinge realmente quando aparece um sujeito capaz de propor, de questionar. Precisamos de pesquisa e elaboração própria.
O saber pensar inclui sempre o saber intervir. Nós temos que recuperar um pouco a proximidade entre teoria e prática. Acontece que as escolas e universidades chamam de formação apenas o discurso teórico e incluem em seus currículos apenas uma pequena parte prática, chamada estágio ou coisa do gênero, extremamente desproporcional. É preciso saber colocar a prática já no primeiro semestre. Essa expectativa é muito importante. Os alunos deveriam ter nas escolas a possibilidade de aplicar o conhecimento sem cair no utilitarismo. A melhor coisa para uma teoria é uma boa prática. E a prática que não volta para a teoria envelhece e fica caduca.
É preciso, de todos os modos, motivar os alunos para a elaboração própria, para buscar a informação, para tomar a iniciativa. Porque se a gente tiver um ensino apenas passivo, como é usual hoje, as crianças não se preparam direito para a vida, pois não conseguem enfrentar coisas novas. Ao mesmo tempo, torna-se injusto com as novas gerações, que têm uma percepção muito maior pela imagem do que nós, da velha geração, que gostamos do texto. A nova geração se sentiria muito mais respeitada se pudesse construir o conhecimento através do texto, como é típico do mundo virtual. Então, os professores precisam se preparar para isso. Certamente os professores mais velhos terão mais dificuldade, mas nunca é tarde para aprender, e acho que a educação sempre teve diante de si esse desafio de aprender coisas novas. Não vai ser agora que nós vamos falhar nisso. Temos que dar conta das motivações que a nova geração prefere.
A pedagogia precisa tomar em conta o desafio do atendimento de demanda exponencial de aprendizagem permanente. É importante compor leques aparentemente conflitantes de oferta: de um lado, para dar conta de tanta coisa, é fundamental um estilo de saber pensar e inteligência capaz de reconstruir o que se aprende num lugar para outro lugar, sem perder qualidade; de outro, é preciso abrir espaços quase infinitos de exercício profissional. A demanda inclui, por exemplo, como lidar com idosos que querem aprender, segmentos profissionais dos mais variados(trabalhadores desqualificados,recuperação da escolaridade obrigatória,trabalhadores de alto nível, profissionais liberais,empresários), aprendizagem voltada para populações mais excluídas (periferias,negros,mulheres,zonas rurais,interiores0,demandas do grande público(por informação,por certificação),oferta de cursos de atualização para todos(donas de casa,cidadãos comuns, portadores de necessidades especiais),demandas por setores de produção e serviços(setor público, setor privado,recapacitação de empregados em serviço,recapacitação de professores básicos).Implica também oferta infinita de cursos s distância,com modulações intermináveis de acordo com as expectativas,sempre, porém, com devida aprendizagem.Cresce na sociedade a demanda por cursos, a exemplo das semanas pedagógicas e seminários de educação,e isso precisa ser tomado de modo profissional.
Por fim, o curso de pedagogia deve ocupar o lugar estratégico como indicador do futuro da educação. Primeiro precisa desvencilhar-se das contradições performativas que o destroem seu âmago, quando, em vez de ser o exemplo de boa aprendizagem, é ainda exemplo de instrucionismo. Segundo, precisa alçar voo para horizontes de criatividade convincente, acenando para os outros cursos universitários as alternativas que a sociedade intensiva de conhecimento espera. Tudo começa pela habilidade de mudar a pedagogia. Pedagogo que não sabe mudar a pedagogia. Pedagogo que não sabe mudar a pedagogia jamais foi pedagogo.
Referencias Bibliográficas:
Bauman, Z. (2001). Modernidade liquida. Rio de Janeiro, Zahar.
Casassus, J. (2002). A escola e desigualdade. Brasilia, Plano.
DEMO, Pedro. Educação Hoje: “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo: Atlas S.A, 2009.
Carnoy, M.(2002). Mundialização e reforma na educação. Brasilia, UNESCO.
Video sobre entrevista com Pedro Demo acesso em: http://www.youtube.com/watch?v=Vra4hclt7kw dia 07/06/12
Equipe
Video sobre entrevista com Pedro Demo acesso em: http://www.youtube.com/watch?v=Vra4hclt7kw dia 07/06/12
Equipe
- Cristiane Lopes Santos Lima
- Eliana Bitencourt Lima
- Maria Aparecida De Paula Borges
- Leticia Lima dos Santos
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